O nosso blog hoje dá mais um passo, buscando crescimento. Lançamos agora a nossa primeira entrevista, com o Carlos Eduardo Lopes da Silva, que é Engenheiro de
Produção pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Tem mestrado e atualmente é doutorando em
Engenharia de Produção com ênfase em
Empreendedorismo e Inovação, também pela UFF. Será a primeira de uma série, que visa exemplificar para o leitor toda a realidade profissional existente em conjunto com os temas que são abordados pelo Difícil Início.
Segue a entrevista:
- Conte-nos um pouco mais sobre a sua história
Nasci em Niterói-RJ, tenho 29 anos. Cresci em família “tradicional", estudei em escolas particulares e tive pouquíssimo contato com empreendedores na infância e adolescência. Prestei vestibular em 2003 – quando não tinha a menor ideia de que carreira seguir. Tentei para Oceanografia (UERJ), Turismo ou Direito (Unirio), e Engenharia Naval (UFRJ) e Engenharia Civil na UFF, onde eu passei a cursar a partir de 2004. Em 2007 decidi mudar para Engenharia de produção e em 2008 me mudei para o pólo da UFF em Rio das Ostras. Lá tive a oportunidade de estagiar na Petrobras e participar da criação do LEI (Laboratório de Empreendimentos Inovadores) onde participo até hoje. Assim que me formei comecei uma empresa de consultoria com mais um sócio, um companheiro de turma. Desde o início tivemos apoio do LEI, e mentoria de professores que são até hoje grandes incentivadores. Em paralelo às atividades da empresa, fiz mestrado e estou finalizando o doutorado, participei de diversos projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico na universidade e atuei como professor na UFF e na FeMASS (Macaé) em disciplinas relacionadas a empreendedorismo, inovação, estratégia e economia. Também participo do projeto do Parque Tecnológico e da implantação da Incubadora de Empresas em Macaé. Posso dizer, portanto, que experimentei atuar no mercado, na academia e no governo, o que pra mim tem sido um grande aprendizado.
- Como surgiu o empreendedorismo na sua vida?
Apesar
de não me considerar um grande empreendedor, consigo olhar pra trás e enxergar
algumas características empreendedoras no que eu fazia. Sempre gostei muito de
esportes e era muito competitivo. Acho que o esporte te ensina muito. Também
costumava exercer um papel de liderança nas equipes, turmas ou grupos que
participava. Sempre tive iniciativa, busquei a excelência e nunca aceitei a
zona de conforto. O empreendedorismo surgiu pra mim quando iniciamos o LEI. Eu
nunca tinha “empreendido” e estava ali para apoiar empreendedores. Trabalhando
com isso comecei a perceber que eu tinha desenvolvido boas habilidades
empreendedoras durante toda minha vida. Iniciar minha empresa foi questão de
tempo. Eu só precisava me formar e ter algum conhecimento “comercializável”, e
isso aconteceu em 2009.
- Qual foi o maior desafio que você teve no início da sua carreira profissional?
Iniciar
uma empresa de consultoria já é um desafio por si só. O que você está vendendo
é conhecimento para resolver problemas de uma empresa. Fazer isso com pouca
experiência é bem difícil, principalmente com pouca idade. As empresas olham
com desconfiança, e entrar no mercado assim é muito difícil. Desde o sexto
período da faculdade eu tive um estágio que me dava algum dinheiro. Então me
formei, criei a empresa e fiquei sete meses sem ganhar um centavo! E não é só a
questão financeira, você acaba se questionando, não tem muita confiança.
Superar esse início foi o maior desafio. Mas eu tive sorte por ter pessoas
fantásticas e com mais experiência ao meu lado. Provavelmente teria desistido
se não fossem essas pessoas.
Acho que o mais importante é estar preparado. Tem que se capacitar. As oportunidades estão escassas, a competição ta cada vez maior, mas sempre tem espaço para quem realmente é bom. Vejo muita gente que sai da universidade mal preparada, não estudou como deveria, não aprendeu inglês, não domina softwares, não teve experiências de estágio, intercâmbio, iniciação científica, escreve mal, se porta mal. Ficaram 5 anos na faculdade para crescer muito pouco! A crise só agrava o problema dessa galera. Não tem como fazer mágica, não dá pra recuperar tudo no último ano. Então, se eu pudesse dar um conselho, é que aproveitassem ao máximo os 5 anos não só para cursar bem as disciplinas e absorver o máximo de conhecimento, mas também para participar de congressos, fazer networking, aprimorar o idioma, buscar novos conhecimentos e experiências. Isso será um grande diferencial.
- Conte-nos um pouco mais sobre o projeto E-Base
Criei
uma página no Facebook (https://www.facebook.com/EbaseNetwork/?fref=ts) para compartilhar matérias sobre empreendedorismo com
pessoas mais próximas. Também escrevia algumas coisas. A ideia do E-base sempre
foi criar uma rede local de empreendedores e o foco está nas universidades.
Então criamos um site para conectar potenciais empreendedores, startups e as
instituições que podem dar o suporte para quem está iniciando um negócio. A
plataforma E-base é um meio para conectar o ecossistema de empreendedorismo que
está cada vez mais presente nas universidades. Parte um pouco da minha
experiência e da atuação com empreendedorismo na universidade e na Incubadora
de Empresas. Sempre senti falta de canais que pudessem propiciar a colaboração
e apoio para quem está começando um negócio. Empreender sem apoio é muito
difícil. Daí veio o projeto, a partir dos desafios e oportunidades que eu mesmo
enfrentei. Espero que o e-base possa se desenvolver e apoiar novos
empreendedores.
- Em uma palestra dada recentemente no II ENFEJ (Encontro do Norte Fluminense de Empresas Juniores), Você citou que as Universidades tem a cultura de criar empregados e não empregadores. Como podemos modificar esse cenário? De quem deve partir a iniciativa?
Muitas
universidades no exterior possuem mecanismos para apoio ao empreendedorismo.
Algumas têm como missão criar novos negócios, fomentar a criação de startups. Em
agosto desse ano participei de um evento de empreendedorismo na Universidade de
Twente, na Holanda. Percebi que lá (assim como em outros lugares) a ligação da
universidade com o mercado é muito forte, e isso também se expressa no ensino e
na pesquisa. No Brasil há ainda preconceito. Acho que precisamos reverter esse
quadro. Isso não se dá de uma hora para outra, além da questão cultural, temos
diversos outros desafios como o financiamento, a legislação, a ausência de
referências, de mentores, falta infraestrutura, incentivo, reconhecimento, etc.
A iniciativa pode partir de alunos, professores ou da direção das instituições.
Cada um tem o seu papel. Quanto as Empresas Juniores, penso que poderiam dar
uma contribuição mais expressiva. Acho que elas trabalham pouco o
empreendedorismo de fato. O aluno precisa aprender a assumir riscos,
desenvolver projetos inovadores. Tem que errar mais vezes, e aprender com isso.
Esse processo é fundamental para desenvolver o empreendedorismo.
- Dos temas abordados até hoje pelo blog, qual você acha que foi o mais importante? Se tivesse que sugerir algum, qual seria?
Primeiramente
parabenizo a iniciativa do Blog. Espero que tenha sucesso e possa apoiar, de
fato, os universitários nas suas escolhas profissionais. Gostei das publicações
que abordam algumas ferramentas essenciais para o empreendedorismo. São
informações importantes que merecem ser compartilhadas. Mas como sugestão,
penso que o blog deveria focar em análises sobre opções de carreiras, buscando
mostrar as características, oportunidades e ameaças das escolhas profissionais:
no emprego público, privado ou o empreendedorismo.
Curtiu nossa primeira entrevista? Ano que vem teremos várias outras. Continue acompanhando o blog, continue nos ajudando a desenvolver os futuros profissionais.
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